Mãe terra
Terra sagrada, mãe
Santa terra, tem o mundo para o homem plantar
Perto de mim, querem tudo dizimar
Quero apenas minha terra amar
Todo rio querem represar
Energia em nome do povo produzir
Em nome do desenvolvimento
Esquece os outros inventos
Sem o represamento pode produzir
Com o verde sofrido
O capim queimado
A terra vitrificada
A morte dos bichos escondida
Lavrador de pés no chão
Não tem água para lavar
Esperando a chuva para plantar
Chega outubro não vem mais não
Toda manhã com a enxada nas costas
Uma água na cabaça
Lavrador com sua raça
Não precisa de nenhum domador
Toda tarde no caminho de casa
Suor seco e vontade do descanso
No remanso um banho refrescante
Produzindo para o sustento avante
Por aqui ou por lá
Não me deixam trabalhar
Escondido sob uma lona escura
Correr por aqui ou por lá
Atrás de mim querem matar
A voz das águas me ensina
Um sonho?
O que vejo?
Algo me diz e eu escuto
O planeta esquenta, há risco de morte.
(* Está no livro Nós da poesia edição 9)