Eu tento

Às vezes, sinto algo;

às vezes, não.

Do lado de fora

pode parecer indecisão,

mas por dentro, não é preciso muito

para perceber a confusão.

Vivo numa eterna ilusão

de "e ses" e seus

assombrosos destinos.

Cruéis, perigosos e inexistentes.

Por mais que eu tente

ao máximo viver no presente,

a ansiedade me carrega

até meu mais inexperiente.

A vida passa por mim

e eu a sinto às vezes.

Quero gritar, mas o som

não é suficiente.

É fraco e transparente,

como eu queria ser às vezes.

Vejo uma cachoeira de emoções

ao meu redor,

mas não consigo mergulhar.

Cada uma delas é como uma pedra

e eu já estou cheia de cicatrizes.

Mas ninguém consegue ver.

Será que já me tornei experiente

na arte do esconder?

Ou será que ninguém consegue

realmente me ver?

Viver às vezes se torna

um grande desprazer

e tudo o que fiz desde que

nasci foi sobreviver.

É exaustivo, mas sem motivos.

Não é tranquilo, mas nocivo.

Temo o dia e que a dor

seja maior do que tudo.

Que eu me perca no escuro.

Nunca mais encontre o seguro

e fique eternamente vagando

pelo inseguro.