Morreu assim: simplesmente morreu.

Morreu assim: simplesmente doeu. Doeu-se com dores de gripes, de artroses e hepatites.

Morreu-se de aids, lordoses, artroses, depressões, lesões cerebrais, lesões corporais e muitas antipatias.

Antipatias emocionais, financeiras, preconceituosas, antipatias raciais e nervosas; virtuosas de quem tenta e treina demais.

Intra, extra; penianas, vaginais; antipatias retais, tortas, diagonais, de direita ou esquerda.

Morreu-se assim: simplesmente, morreu.

E doeu-se tanto que não mais deu.

Escreveu, não leu e o pau comeu. O ar foi se perdendo, e o indivíduo se sentando, cansando; em laringite, fimose, fibrose e cirrose.

Todos os vícios... dores de empregos, dores de falta de empregos, dores de ignorância, dores de inteligência demais; dores de amores, de espíritos e perispíritos, dores que são louvores, que são de flores e dores, saudades daquilo que quase foi.

Dores da loucura, do suicídio e da droga, do excesso de bom, do execesso de ruim.

Eu morri, você morreu, tudo em volta morreu assim.

 

Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 30/03/2024
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