Desintegração
Na quietude deste momento, compreendemos:
As ruas vazias confessam sua solidão,
E a chuva, em seu solilóquio noturno,
Desdobra-se como neblina,
O silêncio, um manto suave, nos transforma.
Tornamo-nos o mundo, e o mundo,
Eco de um desejo, vibra em nossa pele.
Ao amanhecer, o ar não é apenas fresco;
É o nascimento de uma irmã desconhecida,
Parte de um tecido que se estende além do crepúsculo,
Onde muitos se perderam ou, perdendo-se,
Desintegraram-se em partículas dispersas.
Agora, distantes, entregam-se ao vazio sem rosto,
E a vida se mascara em ilusão.
Em contraste, onde a inocência,
Radiante e jubilosa, desafia sua efemeridade,
Cada momento é indomável, eterno;
A vida é celebrada em sua plenitude.
Corremos pelos becos escuros, certos da saída,
E aqueles que atravessaram o equador,
Nesse tumulto de frio e eloquência, medo e cinismo,
Ou se lançaram prematuramente ao conhecido,
Arrancam a raiz da flor que, embora cresça,
Não floresce em todas as estações.
Mães e pais, eternas âncoras reflorestadas pela memória,
São nossa essência mais profunda;
Rios serenos e cascatas em declive.
Assim, a linha reta, embora contida pelo tempo,
Se desintegra, não se dissolve.
Pensamos, então, maduros,
Uma sinfonia de vozes entrelaçadas com a terra,
A mesma da planta, da flor, e do repouso ansiado.