Nublado
O outono começou
Os ramos, as procissões
Os meus joelhos dobrados
Ano: 2024 "d.c"
Dia 25 de março
Céu cinza
Nuvens pesadas
Pensamentos profundos
Incertezas
As que eu não escolho, que não sei o que será
Enquanto eu sou desse jeito, nessas circunstâncias erradas
E todo dia, o mesmo luto
Mas ainda há muita alegria
Se é a tristeza que a própria vida trás
Quando se sabe tanto quanto se sente
Quando não mais se esconde e aceita o desafio, o sacrifício perene
De ver mais um dia
E saber que já foram tantos
E duvidar daquelas histórias fantásticas
Daquelas realezas de estrelas
Das eternidades pessoais
Que eu vejo acabar em cada gota de segundo
E ainda tem a espécie humana e sua vaidade,
tão, mas tão incapaz...
O céu frio me anima
O que costuma causar melancolia nos outros
Me dá uma sensação de liberdade
De paz
Da mesma nostalgia sobre o velho mundo
De saber que o passado foi melhor
Que o presente é difícil
Mesmo para o mais iludido
O peso de tudo ao mesmo tempo
Um inteiro de sentimentos
Que deve ser ultrapassado, vivido
Só para depois ser esquecido
Ou sobrar tão pouco por dentro...
E mesmo assim, colocar no altar humilde do que se deixou
E nos deixamos, como as nuvens fazem
No sabor do vento, nos rituais de passagem
Nas ilusões mais inofensivas às mais perigosas
E alguns, dos mais realistas, ainda voltam à simplicidade de contemplar, de refletir sobre o momento
De testemunhar o ritmo sempre rápido e intenso da própria história