5 Cordas

Que meus olhos destilam

são restos

de esperanças secas

que aprumam

o corte das notas ambíguas

nas paredes

das horas ácidas

afagando

meus erros hipnóticos

que derramam

sussurros ténues

sobre a tela azul

de minhas palavras mortas

deferidas pelo passado

E o movimento dos ossos

viajam em passos turvos

fluí nos pensamentos idos insanos

da escrita que acabara de nascer

decorando a chama do tempo

que inibi

meu olhar breu tosco

e torra sons áridos

colados na frieza

desbotando os dedos calejados

de tristezas e dor

Embriago no dorso

do medo estático

da espada de marfim

que ferve meus cromossomos

invertidos de aço

e areja embriões perdidos

que caem sobre meus desejos

sem asas

Voo na calda da incerteza

de meu poema de 5 cordas

que relata um blues cru

remoendo o som

de meu dom

quiçá nu

e morro no tom

das lágrimas sem instantes...