Um lugar de rara beleza.

 

Às margens de um afluente do rio amazonas

Surge uma vila, que não cabe comparar

Importante ponto turístico de Santarém

Situado a oeste do Estado Pará.

 

Estou falando de Alter do Chão,

Ladeada pelo Rio Tapajós

Tornou-se uma grande paixão,

Reverenciada por todos nós.

 

Habitada inicialmente por indígenas

Lugar abençoado e alvissareiro

O nome homenageia uma vila portuguesa

Conhecida hoje como caribe brasileiro.

 

"Praia de água doce mais bela do mundo"

Afirmou "the guardian", o jornal inglês!!

E tem a festa do Çairé, evento facundo!!

Festival folclórico de enorme translucidez.

 

Introduzida pelos jesuítas originais,

Mistura o religioso e o profano

Há tempos deixou de ser puritano

Suas lendas e manifestações culturais.

 

Hasteamento de dois mastros na abertura,

Coberto de frutas bucólicas,

Homens e mulheres disputam essa "loucura",

Num ritual de fé e danças folclóricas.

 

Çairódromo é onde devem competir...

Teatrização da lenda do boto amazônico,

Disputa dos botos cor de rosa e tucuxi

Todos ganham nesse espaço harmônico.

 

O çairé se encerra numa segunda-feira

"Varrição da festa", que levanta poeira,

Derrubam-se os mastros, afinal!

Todos felizes no último dia de festival.

 

Almoço de comemoração, a "cecuiara"

De um povo alegre e hospitaleiro,

Os festejos se encerram a noite,

com a festa dos barraqueiros.

 

E nesse ambiente de congraçamento

De tradições e festejos cultuados!

Induzo meus pensamentos a refletir,

Declamando-te apaixonado!

 

A manhã é bela, Oh! Alter eterna

Que vem e que vai, beleza audaz!

De gente bondosa e fraterna,

E que nunca se desfaz...

 

És pequena, és morena,

És Alter do chão,

És vida, és ação,

Alter do meu coração!

 

Ser chão é ser terra,

É ter poder, é ser materna!

É vir e não voltar,

Para enfim, se reencontrar.

 

Na infância, o amor,

Na velhice, a dor!

Palco iluminado

E de auxílio redentor.

 

No auge do teu fervor,

Afoga-se a minha dor,

No calor do teu abraço,

Alter! eu me desfaço!

 

Alter de cumplicidade,

Alter de generosidade...

A todos vem receber,

a todos engrandecer.

 

Povo ordeiro, gente alegre,

Impera a simplicidade

No sorriso, a harmonia,

No abraço, a hospitalidade.

 

És mais alto que o chão,

Do chão vais ao alto!

És plataforma deste planalto,

Quero dar este salto!

 

Olhando Jaci!!!... Jaci a brilhar...

Oh! Lua linda a me conquistar,

Vem a meu peito afagar,

trazendo à lume, meu lindo tamba-tajá!

 

No começo, na foz,

Estamos todos nós!

Envolto nas tuas águas,

Oh! Tapajós!

 

Rogo ao pai iluminado,

Que abençoe teus filhos,

Trazendo amor e devoção,

A todos com muito carinho.

 

Um beijo, minha princesa, meu amor...

Que a todos abarque com calor,

Feliz por ter te encontrado,

Nas tuas águas, imerso e enamorado.

 

 

Glossário:

 

JACI: Palavra oriunda do tupi iasy, que significa "lua". Jaci é a deusa da Lua na mitologia Tupi. Protetora dos amantes e da reprodução.

(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jaci).

 

FACUNDO: Maneira de se exprimir fácil e abundante; eloquente.

 

TAMBA-TAJÁ: Na tribo Macuxi havia um índio forte e muito inteligente. Um dia ele se apaixonou por uma bela índia de sua aldeia. Casaram-se logo depois e viviam muito felizes, até que um dia a índia ficou gravemente doente e paralítica. O índio Macuxi, para não se separar de sua amada, teceu uma tipóia e amarrou a índia às suas costas, levando-a para todos os lugares em que andava. Certo dia, porém, o índio sentiu que sua carga estava mais pesada que o normal e, qual não foi sua tristeza, quando desamarrou a tipóia e constatou que a sua esposa tão querida estava morta. O índio foi à floresta e cavou um buraco à beira de um igarapé. Enterrou-se junto com a índia, pois para ele não havia mais razão para continuar vivendo. Algumas luas se passaram. Chegou a lua cheia e naquele mesmo local começou a brotar na terra uma graciosa planta, espécie totalmente diferente e desconhecida de todos os índios Macuxis. Era a TAMBA-TAJÁ, planta de folhas triangulares, de cor verde escura, trazendo em seu verso uma outra folha de tamanho reduzido, cujo formato se assemelha ao órgão genital feminino. A união das duas folhas simboliza o grande amor existente entre o casal da tribo Macuxi. O caboclo da Amazônia costuma cultivar esta curiosa planta, atribuindo a ela poderes místicos. Se, por exemplo, em uma determinada casa a planta crescer viçosa com folhas exuberantes, trazendo no seu verso a folha menor, é sinal que existe muito amor naquela casa. Mas se nas folhas grandes não existirem as pequeninas, não há amor naquele lar. Também se a planta apresenta mais de uma folhinha em seu verso, acredita-se então que existe infidelidade entre o casal. De qualquer modo, vale a pena cultivar em casa um pezinho de TAMBA-TAJÁ.

(Fonte: http://www.cdpara.pa.gov.br/tamba.php).