Contramão

Gosto de cantar e meus males afagar

Gosto de escrever e me contradizer

De me perder no instante em que me acho

Gosto de chuva fina nos dias de verão

De praia vazia na companhia da solidão

De dias nublados no Rio de janeiro

Da terra molhada sentir o cheiro

Gosto de descobrir formas nas nuvens

De adivinhar as faces da lua

Da madrugada na janela

Olhar quem passa na rua

Gosto de sentir o vento mudando o tempo

De viajar na contramão do pensamento

De provocar meus sentimentos

Mas se choro caio no riso

Se rio acabo em prantos

Por vezes não me reconheço

Mas gosto de me ver no avesso