Carta de Despedida (aos Amigos)
Tente
Entender a minha mente
E ver tudo o que aguento
Mesmo que pareça insano
Estranho, calmo ou violento
Sinta
O que não queres que eu minta
E o que digo que não é nada
Ainda que pareça desumano
Tacanho, feroz ou porrada
Mude
Diante de meu olhar mais rude
Que finge não estar mais cansado
Fazendo parecer-se melhor
Feliz, bem, contente e humorado
Ouça
A rouquidão da voz de louça
Que brinca e quebra facilmente
Silenciando-se em dó menor
Infeliz, pior, fraco e descontente
Chore
Por esta alma que já não colore
Acostumada com a solidão
Ainda que lhe pareça triste
Cruel, visceral ou em vão
Queira
Quando acabar a brincadeira
Haver ainda algum olhar
Mesmo que pareça um chiste
Fiel, orgulhoso ou a falhar
Esteja
Junto de novo amigo que seja
Assim não me sentirá partir agora
Deixando uma leve paisagem
Normalidade, sombra e aurora
Esqueça
Aos poucos sumo da sua cabeça
Em breve não se lembrará de mim
Levando eu vou a sua imagem
Saudade, tempo e fim