Carta de Despedida (aos Amigos)

Tente

Entender a minha mente

E ver tudo o que aguento

Mesmo que pareça insano

Estranho, calmo ou violento

Sinta

O que não queres que eu minta

E o que digo que não é nada

Ainda que pareça desumano

Tacanho, feroz ou porrada

Mude

Diante de meu olhar mais rude

Que finge não estar mais cansado

Fazendo parecer-se melhor

Feliz, bem, contente e humorado

Ouça

A rouquidão da voz de louça

Que brinca e quebra facilmente

Silenciando-se em dó menor

Infeliz, pior, fraco e descontente

Chore

Por esta alma que já não colore

Acostumada com a solidão

Ainda que lhe pareça triste

Cruel, visceral ou em vão

Queira

Quando acabar a brincadeira

Haver ainda algum olhar

Mesmo que pareça um chiste

Fiel, orgulhoso ou a falhar

Esteja

Junto de novo amigo que seja

Assim não me sentirá partir agora

Deixando uma leve paisagem

Normalidade, sombra e aurora

Esqueça

Aos poucos sumo da sua cabeça

Em breve não se lembrará de mim

Levando eu vou a sua imagem

Saudade, tempo e fim

João V Zibetti
Enviado por João V Zibetti em 23/03/2024
Código do texto: T8026044
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