(HÁ)PARENTES...
Teve uma fase da minha infância em que eu e minhas irmãs fomos criados soltos...
Ficamos órfãos de mãe muito cedo e seguimos tocando a vida juntos por alguns anos após a morte dela. Tínhamos nossas responsabilidades deixadas pelo pai que tinha que ir trabalhar. Fazíamos nossas próprias comidas, lavávamos nossas roupas, arrumávamos a casa, fazíamos nossos temas, organizávamos nossos materiais escolares e tudo com o que nos comprometíamos, mas isso não nos impedia de correr pelas ruas e campos da vila, comer frutas colhidas no pé (dá árvore) e ser criança, fazer amigos e até mesmo “inimigos”. Uma vida intensa!
Mas entre as minhas melhores lembranças estão as visitas aos nossos tios... Moleques com poucas roupas (eu geralmente somente de calção), queimados do sol e crivados por marcas de mosquitos.
Quando chegávamos na casa deles éramos tratados como celebridades (minhas tias eram mulheres bonitas, elegantes, sempre com um belo sorriso no rosto e meus tios não deixavam por menos, sempre bem-humorados e receptivos). Talvez eles jamais saibam o bem que nos fizeram, mas tratar crianças com tantos traumas como se elas fossem muito importantes para elas, foi realmente algo de uma dignidade que jamais vou conseguir retribuir. Agradecer é o mínimo, no mais é tentar fazer o mesmo sempre que possível e retribuir de coração aquilo que foi recebido...Vida que foi, vida que segue... vida!