DEMAIS (EU ERA DEMAIS)
Cheguei.
Senti o balanço da terra.
Senti o medo, a revolta,
os conflitos, a guerra,
as dores em alta
e muita fome.
Ouvi vozes com medo
de gritarem meu nome...
e chorei.
Eu não era o problema.
Não eram os meus donos.
É direito, lembra?
Sonhar os meus sonhos,
ter meus segredos,
seguir novos caminhos,
apontar os meus dedos...
e gritei.
Queria apenas sorrir,
dar os primeiros passos;
queria poder ouvir
o cantar dos pássaros
e dar a festa.
As forças se calaram.
Demais pra viver essa.
Que pena...
Curitiba - PR, 1980.