Fuga

 

 

 

Sem perceber, fui aos poucos, me perdendo, 

a estrada  era tão bonita, mas foi ficando para trás.

Grandes sonhos se perderam, sendo trocados por tristes suspiros,

que nem suspiram mais.

 

Às vezes, ainda voo voo e as minhas asas logo se cansam.

Não, não é por conta do tempo, nem dos pensamentos,

essa inanidade, fica de longe observando as não vontades,

minhas e alheias... e vai achando a vida tão feia!

 

Pouso, a busca por forças, talvez até ainda seria preciso,

essas forças já não encontro... e tanto faz voando ou nadando,

nadando feito louca, para o outro lado, vazio, e esse nada

faz com que eu fique mirando os oceanos, que jamais!

 

Esse meu eu inflado, e inatingível, que me distancía de tudo,

sem nada restar por fora, e nem mais por dentro.

Não me encanto mais por quase nada, desse mundo absurdo.

 

Eu sempre me perco, vou, vou embarreirada, assim permaneço.

São loucos os pensamentos, nem voltar eu quero, nada mais daqui

eu espero. E isso seria somente palavras e poesia?

Estancada, sim, e sem vontades, diante das dificuldades

de com um mundo imenso conviver, mútua é a indiferença, é tanta

e de tanta! Sem maispalavras, para sobre ela, dizer.

Como disse no início de tudo, eu me perdi, por isso de tudo desisti,

acho tola e desnecessária a fugidia alegria.

 

Quem sabe até eu pudesse desse tudo, fugir, porém a conclusão

é a de que eu não posso, perdi a paciência, deixo escrito na areia

que pegarei o meu barco, dizendo... estou indo... até quando?

Não sei, isso não importa, desculpe, tive que partir.

Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 20/03/2024
Reeditado em 24/03/2024
Código do texto: T8024179
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