ÉRAMOS EU!
Éramos dois, eu e meu outro impiedoso!
Descia nu, a ladeira da alameda elameada,
Me ia desalmado, desmedido; viés doloso.
Assomava que eu e meu outro, na jornada
Inconciliável, angustiante e de bela leveza,
Me acederia à lâmina do verdugo Thanatos.
Apreciaria o rolar oco de minha ex certeza.
No patamar em que estive em senis formatos.
O momento de transmutar é punhal afiado.
Nada súbito, tal cachaça contida no melaço.
No controlado calor, em vapor estratificado.
Tudo no infinito tempo de Aion, assim faço.
No tempo de Cronos, me vejo único sujeito.
Em Eros, encorajado, estruturado, pomposo.
Janus sem rancor ou desagravo, insuspeito,
Sorri para Thanatos e Eros, e vai... tinhoso.
Estamos sós, eu e meu outro, no aqui e agora.
Iterativo destino, de ser e sempre se buscar.
Me sou, no cego porvir que senciente aflora,
Creando inéditos memes para se fortificar.