DO CASCO DO NAVIO
DO CASCO DO NAVIO
Dos frutos do meu sofrimento,
quero, em fúria, toda fome.
Da dor, de que me alimento,
minha alegria, quem come.
Do velho choro, hoje bento,
o novo sorriso consome;
com boca de beber sedento,
um líquido que não tem nome.
Há um subterrâneo rio
sob a rocha do olhar;
que flui num noturno chorar.
Mas há um casco de navio,
do nervo forjado, mais frio,
pro meu coração navegar.
Torre Três ( R P )
19_03_24