a forma

Numa única travessia, a forma não se revela.

Necessita-se percorrer, inúmeras vezes, o mesmo caminho silencioso,

Sobre terra e cascalho, sob o manto do crepúsculo,

Conhecendo, desde o início, que seu término é um anseio,

Como se, ao amassar o pão desta receita,

Nos encontrássemos, repetidas vezes, na mesma escuridão.

A paciência, sombra que se alonga ao entardecer,

Sussurra, ainda que em um murmúrio quase extinto,

Que para ser forma, deve-se encaixar, não apenas

O vão de nossos passos errantes, mas a caixa profunda

Que carregamos, resistindo à tempestade e ao sol que queima,

À lua mais sombria e ao sol mais implacável.

Para ser forma, a estrada,

Deve acolher tanto o viajante cansado

Quanto aquele cuja jornada apenas desponta no horizonte,

Pois todos, sob meu pensamento sombrio,

Destinam-se a um campo celeste,

A um lugar de contemplação,

Onde, mesmo sem adentrar sua abóbada sagrada,

A forma é posta à prova até que o caminho

Se torne claro, e o futuro nos abrace

Mesmo sem ter sido plenamente alcançado.

Que outros tenham percorrido,

Experimentado, narrado,

E se não chegaram,

São apenas sombras desviadas,

Pois quando há uma estrada, muitos foram subjugados,

Pelos perigos ou pela soberba que se entranha.

A forma não se desdobra em meros passatempos,

Ou em fugazes momentos de lazer;

É necessário o envolvimento, a persistência e o desejo ardente,

Para que, ampla, seja suficiente

Para acolher tanto a ti quanto a teus fantasmas.

A forma não se concede gratuitamente,

Embora a graça a acompanhe, como o último raio de sol

Que desaparece atrás do horizonte escurecido.