sobre o palco

Sobre o palco, o aço fulgura,

renasce a luz em superfície lisa,

Carvão e petróleo,

sobre a mesa, espalhamos nossas flores

negras,

O morto, em seu silêncio, são memórias,

o vivo, em sua efemeridade, presunção,

nossa barreira é de um acrílico invisível

A tessitura da terra ao ao céu é inexata,

porém, extensa,

A consciência palpita

até espreguiça, mas...

a linguagem, essa porta para além

a morte, em seu véu, nunca nos foi ensinada.

tão pouco viver,

se fosse noite,

e encontrássemos alguém que quisesse ou

mais, que propusesse! é de ternura esse sulco

tão vertical, não,

é carne pulsando, como peixe,

escorrega e dai vem o gosto,

o amor só é forte no pretérito,

A nudez, esse tabu, essa colheita,

essa clareira que a dois pertence,

a céu aberto, o frenesi encontrar

(um corpo se dizendo outro corpo)

quanta floresta a fazer clareira!

Quanto escuro precisando do sol!

Depois, colheremos fruta, uma

manga (torço para que seja manga)

amadurecida estendida na claridade,

amaremos, juntos, os dois, essa manga

e o sumo, esse simbólico líquido quando

a fruta ainda pulsa e o expulsa

conforme a gravidade da língua,

("língua amolecida" uma amiga me falando de seu calvário)

existimos, sentimos, a pele

e a boca, o sangue circulando

qual loco, loco do corpo, que desliza

como um demônio sexual: Gosto

dos interstício quando as ilhas

mal encostam! por que não, as mãos,

essas entidades interditas.

Contra o vento, a batalha,

ou talvez, na luta, o vento sejamos,

as torres erguidas, e no recôndito,

essa fome a lavar os degraus (que haja uma janela

para nos doar um fragmento de sol).

Mesmo sabendo a rua onde as meretrizes

extraem o medo mais profundo,

(do homem, do moço, essa criatura mágica que nos conecta

com a liberdade, ainda que tenha ar de concessão.

Falando Nisso: tesão ou medo, essas duas ruas nunca se cruzam,

sentimentos mutualmente exclusivos,

ainda que o excesso torne a pedra mais aborrecida.

nascer, um desejo,

a vida, uma travessia,

o coração, as vísceras,

um palco de pecados, e a garganta, a entrada

para o café ao entardecer, no chão, no centro do salão,

o café doura o jantar tão gentilmente servido.

(ela não tolerou...)

Da escuridão, emergimos,

medo e enigma, como irmãos,

à beira da estrada, o fogo acendemos.

Os gravetos rejuvenesce o fogo,

na luz da lenhas,

nossos rostos de iluminam!