Desejo
Conceda-me, não meramente uma noite, mas uma vigília
sob o vasto firmamento,
Onde a brisa, qual mensageira de tempos idos, sussurra
Histórias de almas errantes, desveladas entre nós.
Nessa vigília, estrelas e lampejos de uma luz primordial
Tentam, embora em vão, desvendar segredos que somente o coração,
Em sua plena abertura, é capaz de acolher, mas jamais inteiramente compreender.
Sob este céu, minha busca transcende a mera alegria; eu anseio
Por desvelar mistérios ocultos,
Onde o ballet cósmico não é apenas um espetáculo a ser observado,
Mas uma experiência a ser vivida, pulsando nas veias,
Transformando a escuridão em um pedaço do cosmos, um berço para nossas fantasias.
Anseio por uma lua, majestosa, que me envolva
Com a promessa de transformações eternas,
Onde eu e ela nos tornemos um, parte de um todo,
Uma constelação singular, brilhando na imensidão escura.
Desejo, assim, uma mulher, não meramente de carne,
Mas de alma; alguém que me faça fincar raízes e crescer,
No escuro, encontrar não o medo, mas o maravilhamento,
Pois é lá que a poesia, em seu primeiro sopro, se manifesta.
Que esta mulher, com sua simples presença, me torne cúmplice
De segredos tão profundos que fazer a travessia da morte não pareça um fardo,
Mas um anseio, um sussurro que sustenta mais do que a carne,
Que, com um brilho nos olhos, traga leveza,
E não o peso de vidas não vividas.
Juntos, nesta jornada,
Ela, conhecedora tanto do calor quanto das sombras,
Mantém a fé, equilibrando-se entre o céu e o abismo,
Desenhando o desejo em sua pele e em seu olhar.
Peço, portanto, não apenas por uma noite, mas por um enigma,
E por essa mulher, para que no efêmero do instante seja eternizada,
Amar, apesar da resistência,
Na noite que imploro, aberta e livre,
Resplandecente em sua plenitude, amando,
Mesmo que, ao raiar do dia, apenas o silêncio responda.