Dia de Maria
Ô Maria/
Por que hoje é teu dia/
Fico a pensar/
E vejo- te ainda /
Depois de um dia todo no batente/
Cansada, ter que se superar/
Na obrigação de ser a senhora do lar/
A gata borralheira/
Mas é da mocinha a mãe/
Que embala a dor da cria na rede /
Que cuida da fome na mesa/
E que fica a janela na espera/
Do bêbedo ou infiel chegar/
Sem direito a falar/
Isso quando ele não estiver deitado/
Amassiado com a incompreensão /
A vociferar ofensas de imposição/
Que o estado/
Sob a égide Democrática aplaude/
Num tom a baixo de tantas lei/
Que me faz gargalhar/
Se não é de todo assim/
Mas assim são quase todos os dias/
Todavia você é sem igual/
Uma mulher, é especial/
Comparar seria ser a celestial/
Nem as flores do jardim/
Seriam tão iguais/
Mas por que hoje tem que ser o seu dia/
O que sabem explicar/
Se não pra aumentar o capital/
Pra não ser tão desigual\
Acreditam no registro da marca\
E beijam as feridas\
Como bálsamo de segundos\
Não digo, o dito/
Mas é certo que te reverencie/
Pelo que és/
Pensando talvez/
No que é ser a mulher/
Que já desde menina/
Tem que ser forte/
Por todo os botes/
Que o mundo lhe dá/
Quem não quis ser a bailarina/
A cinderela quando criancinha/
Muitas vezes a filhinha no colo pai/
Mas é esse olhar do caos/
Incompreensível nas mãos dos maus/
Não entendem/
Esse mistério envolto/
Na sombra, da malícia ingênua/
Que circunda o teu olhar/
Na passada larga do andar/
No florir dos seios/
Nas feições latente dos lábios/
Que o beijo torpe de cicuta/
Sob o cio da luz, que acoita/
Atrai esses vermes/
Que ao invés de sonhar/
Que ao invés de valorizar\
Querem só devorar/
Por serem vazios/
Não obstante a falta de respeito/
Os direitos negociam com o silêncio vulgar/
Me parece, ao menos, que te veneram/
Mas querem sempre te empurrar/
Pra direção obscura/
Não pensam, também a cultura/
O que há pra pensar/
Que tu um dia/
Hás de te tornar a rainha da cozinha /
A empregada doméstica/
A megera indomável/
Qualquer coisa na casa/
Ô sociedade hipócrita/
Que legado deixas a esses novos tempos/
Celebram qualquer evento/
Pra alimentar um prazer obsceno/
Como podes ser tão medíocre/
A vender a pureza dessas heroínas/
Com tamanha insignificância/
Dando causa eterna a uma vil subserviência /
Como se a essencialidade do amor/
Fosse um mero clichê do andor/
A imagem pra se negociar /
Por isso Maria, me desculpe a ousadia/
De te perguntar, o porquê desse dia/
O que que há pra comemorar\
Se a todo instante vivem a te vulgarizar/