a mulher mítica
No espaço onde o nada se entrelaça,
Um raio ilumina os ossos do esquecido, desenha
E as palavras, em seu desabrochar na essência feminina,
Entre montanhas de silêncio e orlas de mistério,
Onde os verbos são alentos, ecos de uma respiração,
Eflúvios que bordam o vazio com sua presença sutil,
Uma mulher, desvelada, de mitos tecida, de luar e mármore feita
Com mãos ao céu, em acolhida das águas,
Memória fluida, pele que se desfaz em rios,
Descendo as escadarias do sublime, um passo após outro,
Carregando o tempo, espectro vibrante,
Lâminas de existências desgastadas, ainda vibrantes,
Acondicionadas na urna do noturno e do diurno, unidos,
No cerne do ser, onde o ser transcende a matéria,
Mas entidades que bebem da essência e nos nutrem,
Ali, como se à beira do desvelar da vida,
E toda forma, a mais pura verdade, traços de juventude
Na sombra perene do ser, do padecer,
Movendo, cada um a seu modo, as pedras do esquecimento,
Na fúria, na inaptidão, batalhas que reverberam no tempo,
Cada degrau, um ressoar de artefatos ancestrais,
Ascendendo na queda, cruzando o olhar
Da mesma mulher, espiral fora do tempo,
Dos fenômenos mais íntimos, forjada somente
Para sussurrar verdades aos que dormem,
No despertar, soletrando seu nome, o nome que lhe pertence,
Ao compreender que a visão nasce das águas originárias.