Posfácio

É um pouco verdade

a mentira que carregamos no peito...

É um pouco mentira

a verdade tão certa de si...,

futura-defunta, lotada de dentes de ouro

e das cáries presentes nos esforços

de uma segunda feira.

Podes de alguma forma, o poeta,

lançar um novo passo

um novo desabafo

e uma nova rima secreta?

Coisa alguma!

Então fuma...

Fuma, Ronald, a tua verdade catalogada

tua rima tão “desritmada”

e suma!

Esforços de um parnasiano ressecado

em rimar com todas as ruas poéticas

que atravessam a sua linha do tempo.

Não se pode agradar ao mundo,

ele se faz e refaz nas costas d’um vagabundo,

na lápide,

no látex,

no clímax,

nas pancadas dos cometas

por entre cartas extraconjugais...

nas sambadas das etiquetas

por entre fartas manchetes policiais!

Não há como

há dias, tu não digeres sequer um versinho

e matas, paulatinamente,

as borboletas do teu estômago.

A barriga cheia da ceia

e a cabeça-gestante

aborta inúmeros poemas.

Teu coração não bate, bombeia

apenas o necessário

para que não morras

perto da estante.

Tu me pareces distante...

um tiro de longo alcance

longe do que te faz sentido.

Destarte, distante...

tu te depositas como a borra

num fundo da cama!

E sem que ninguém te socorra

Espera que a vida corra...

para tudo aquilo que dizes que ama.

srpoetrus
Enviado por srpoetrus em 16/03/2024
Código do texto: T8021318
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