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O Poço da Memória
No poço da memória, o tempo se desfaz,
Espiralado, mergulha no esquecimento.
A nuca, farol que ilumina a consciência,
Celebra o suor, o sangue, o esforço.
Memória cortada, sortilégio e revelação,
A vida, densa e secreta, guarda suas portas.
Encontro e Transformação
Mãos tremem, extáticas, ao redor do encontro,
Arrastam sombras, pedregulhos assombrados.
Ombros alvos tornam-se encantamento,
O coração insiste, espalha-se pelo corpo,
Uma onda que atropela, eletrocuta símbolos,
Submerge no universo, lábios alvos, complexos.
O Tempo e o Desejo
Cortejamos o tempo com beijos molhados,
Desejando colher a inteireza do ser amado.
Cada gesto adiciona uma nova galáxia à vida,
Expandindo-se conforme a imaginamos.
Aventura de uma fragata ao sabor do mar,
Inscrita no silêncio, vestida pela imaginação.
A Música Silenciosa
Teu corpo, música silenciosa que me surpreende,
Revela o real, frágil, vulnerável.
O mundo entra, flor dolorida que brota,
A vida, breve, se formula em compaixão,
Marcada na pele, no peso do tempo que conta,
Sangue veloz, desejo de ser o que se é.
Revelações e Encruzilhadas
A poesia, trono iluminado, língua encaixada,
O tempo, uma continuidade de sentido.
Não pergunte se valeu a pena,
A tensão da corda revela a encruzilhada assumida.
No terror e na mansidão de pomares,
O mundo se desmantela, revelando inteireza.
O Silêncio e o Fértil
Agradeço pelo reverso, pelo néctar sem ânsia,
O mel espirrando na terra, deus que desce.
Essa primavera na memória, onde o silêncio brota,
Solo fértil de todas as sementes compromissadas,
Silêncio que contorna, revela o sagrado,
Inventa a semântica, une pedra e árvore.