todas as vidas inscritas e escritas
Minha memória quando te lembra escava o poço onde o tempo
Passado e não convergindo se afunda no esquecimento,
Até que tua nuca resplandece diante de uma consciência
Que celebra, umidade de cansaço, o suor do esforço ? ou seria o sangue
cotejando pelo corte da memória, sortilégio e vulgaridade, amparados pelo espírito,
em que a vida é como coisa maciça, impenetrável, secreta em suas diversas portas,
ainda que, quando Impensável, a tragamos como enigma na paciência de quem espera definições,
embora somente o caos, tormenta onde os nomes nada interroga, nos é
a grossa pasta que nos consome. As duas mãos e, tremuladas e extáticas,
convulsionadas e febris, ao redor do encontro, arrasta a farinha de sombra, o pedregulho
insalubre e assombrado, os ombros alvos e vivos, encantamento, feitiço, transfigurações
do coração que insiste, e faz disso uma extensão de seu pulso, que se espalha pelo corpo
como uma onda que resiste, que atropela, um choque que enerva todos símbolos
e os faz, elétricos e eróticos, ainda que imersos em si mesmo, fala em todas
as línguas e aponta para muitas fechaduras, fora, quando
Submerge no centro do universo, mais disso, os lábios, alvos,
E complexos molhados ainda por um beijo que ainda me
faz cortejar o tempo, na esteira de que ele me permita te colher mais inteira,
de dar-lhe um altar mais exaltado, extasiado e amadurecido, que faça de tuas
formas não a definição de um retrato, mas a escada que me leve à tua profundidade,
já que ela também é minha ou apenas minha, de outro modo saber o que havia de
tão imemorial a aventura daquela fragata, sujeita á sorte do mar,
do desfiladeiro que quis e a quis, em soberba, saber como tu fostes inscrita
dentro do silêncio ou se era só a imaginação lhe vestido o teu corpo cru,
o teu magma, teu amálgama, sempre insurgente, então, relapso fui de querer
para minhas vísceras o caminho que a queda ou desvio já é em sua ontologia
mais simples, amar teu sorriso, desterrar tuas coxas para que o
Apetite tivesse algum descanso, sim, foi bom, soube das auroras
Boreais, que em cada gesto a vida é adicionada uma nova galáxia, que
se expande conforme a imaginemos, queria tua inteireza, Inteira, teu hálito,
fluida esperança morna, a alegria sonora, no sepulcro de
Minha vida olfativa, e como não dizer que teu corpo inteiro era
Sonoro e meu ouvido nada disso sabia, e o susto, que se relembra por si,
que tu eras uma música silenciosa que nascia a cada encontro e só a exaustão
a tornava muda, que dizia o real frágil, vulnerável, um desalojado a procura de uma casa
que respeitasse, mais que temesse , a solidão necessária, impertinente,
por onde entrava o mundo como um entranha que nascia como flor dolorida,
e suas pétalas, variadas, inconsistente diante do que aguardava dentro do mesmo
tecido das coisas que já nascem mortas, por não saber que a vida mais bela,
é essa que é breve e se formula nessa atmosfera de compaixão onde o seu fim
já está delineado na sua pele de fibra e amido, no peso que conta o tempo, que
dele se assusta, mas nele se sabe uma viagem de duração variável,
mas não esquece que a vida é sangue veloz e vontade de ser o que o que se é,
embora vislumbre que tudo pode melhorar, amparada por algum deus que
nos escuta atrás das pedras, e se faz estranhas cordas no interior que a pele
em desvendar, que teima, mas esconde que no fundo é uma boca
de veraneio, que logo voltaremos a uma rotina desmembrada do ser
e de toda revelação, a mesma coisa que a poesia
lhe dar um trono iluminado, que é também tua língua encaixada na sensualidade
de tua boca, tua língua, às vezes espartana, violenta, honrada pela guerra, outra,
o tempo como uma continuidade, onde em toda tua extensão há uma confluência
de sentido, onde todo rio poderá se desmembrar que não escapa do destino,
mas torne a viagem menos angular, é frenética e ativa em seu modo de se dar,
e refresca a rua com seu sexo que assim, fala em outro idioma, devassa ou não,
porém, inefável, elusiva, que, de todo modo, é pungente e excêntrica, estremada
e pulsante, empurra para as margens do rio o que meu desejo não sabe se fala,
porém tu já capturastes como um martelo sabe de seu avo,
que ele espera seu golpe, e o transmutará de tua forma, por que seu ataque já
foi profetizado quando o carpinteiro levantou o braço. Mas, convicto, não me pergunte
se valeu a pena, porque não existe a pena, a prisão motivada pelo pecado, ou
perdição pela perdição, só o efeito inverso quando a corda é esticada em demasia,
Se hoje sei desses detalhes, dessa teia extrema e dramática, desse alinhavar suspenso
de coisas tão diversas, e grave, perplexo, mas a sanidade ainda no seu fio adequado,
é por motivo de que essa encruzilha foi assumida e conformada dentro da carne.
não, não sou louco, ainda que tamborilo reclamações pelos dedos e meus olhos não
sabem olhar, mas se embrenhar no terror e na mansidão de pomares onde todo tipo
de fruta é encontrado, entretanto, foi assim que se deu o mundo em mim depois de
desmantelar minha praça mais favorita, inteireza, é isso que pensarei quando
a porta menos elegante se abrir, resoluta e não passional, diante de nossa face,
soube sim, não foi ingênua a invenção desse sepulcro, mas não saberia do fogo,
esse ser mitológico e dramático, que se altera a cada instante sem deixar de ser o fogo,
não saberia das águas, menos impetuosa, mas caudalosa ou estridente, estriada,
que sempre pode ser profunda, desse medo, que mesmo quando esqueço é meu animal
fiel, o amigo querido a me calar quando a boca ou corpo não se importa com destino,
ou que o desatino é sempre uma estrada alternativa e muitas a toma, ainda que volte
ainda que nela desapareça. Não saberia da gravidez dos agudos ou
de como a sonoridade mais grave conhece melhor o nosso corpo e de como nosso
corpo se abre e recebe esse som com a casa amaciada pela fome de terra, ainda que
céu tenha também seus encantos, mas o céu é céu sem essa lembrança do inferno ou
de um jeito mais elegante, de seu torrão de terra, sem saber que nossa carne já queimou
e que desmaiamos com as unhas encrustada no lombo da superfície macia e concreta
da realidade embaixo do sol. Não, minha serpente, agradeço por ter me mostrado
o reverso do gosto favorito, o subterrâneo onde a sombra se torna possível.
O néctar sem a lembrança da ânsia não tem a mesma deformação em nossas papilas,
o mel espirrando na superfície da terra, um deus que desceu, o verbo se fazendo carne
para ser pequeno como o homem, saber que é de sua dor, ou de sua teimosia em evita-la, que abrimos
quartos escuros desnecessário e imaturos. E essa primavera que trago na memória,
dessa brisa ou gosto da flor mais genital e felina, que geme quando são amadas,
quantas vezes dentro dessa noite vi o rosto mais infiel do traidor, e a ingratidão,
essa pantera que vigiada sabe quebrar a corrente que o coração alimenta?
quando, a vida, duas vertentes, tentava me esgoelar quando distraído? e o sol sobre o batente
E o sol espirrando e derramando sua luz ao arredor, molhando de alegria os
botes escondidos. O céu de um janeiro escaldante a escoar mais tarde em pensamento,
intenso foi os prazeres, essa virgindade nunca perdida, esse novo que é novo a cada suspiro e
o seu vértice se faz de novo, e por isso é novo e nutritivo deixando o coração sempre
dentro de uma verdade de amplas faces que nos forma. E do apavoro, esses professore
do erra, tenho agora em mim esse escuro onde tudo que não gostamos está inserido,
torna a luz mais macia, aveludada, querida, me espremo, ou relaxo, sem surpresa,
entre esses dois extremos, sem os incomodar, sei-os dentro do peito, e basta, não
violemos o seu segredo! não há solo e não há céu, pelo menos para nossa mortalidade,
ser, ser beijar flor, flutuar quando enamorada de sua presa. E e esse silêncio cheio de mundos,
esse vazio de que é feito as coisas ou dele brotam como um solo que tem todas as sementes
já compromissas, silencio silencioso e não outro que constrange, silencio porque
somos montanhas e vales e todos e só o silêncio pode penetra-los, confabulá-los
no mesmo emaranhado, na mesma teia pelas quais os sentidos trafegam, o silêncio que
contorna as coisas e que as revela portas sagradas , o silêncio que torna o ordinário, sagrado,
os símbolos como portais de múltiplas facetas, silencio que inventou a semântica que
permite que uma pedra seja também uma árvore e que seus frutos sejam filhos de mãe
tão de carne como essa mãe que trago na memória, que preparou-me no escuro para
que estivesse pronto para enxergar na luz, o silêncio que não só invoca, mas também conjura
em matéria entrelaça em linguagem o que antes estava longe de nossos sentidos,
No poço da memória, onde o tempo desfaz-se,
Não linear, mas espiralado em esquecimento,
Tua nuca, um farol, ilumina a consciência
Que celebra - o suor, o sangue, ou o esforço?
Na memória, um corte, um sortilégio,
A vida, um bloco denso, secreto, com suas portas sem chaves.
Engolimos o caos, enigma de uma espera sem definição,
Onde os nomes perdem-se em tempestades,
E somos consumidos pela matéria bruta de nosso ser.
Mãos tremem, extáticas, convulsas,
Arrastando sombras, pedras assombradas,
Ombros alvos tornam-se encantamentos,
Um coração que insiste, espalhando-se pelo corpo
Como onda que tudo atropela, eletrocutando símbolos.
Submergindo no universo,
Lábios alvos, complexos, molhados de beijos,
Nos fazem cortejar o tempo,
Desejando colher-te inteira,
Transformar tua forma não em retrato, mas em profundidade.
Aventura de uma fragata ao sabor do mar,
Inscrita no silêncio ou apenas vestida pela imaginação,
Meu desejo, insurgente, busca-te em queda e desvio.
Amar teu sorriso, desenterrar tuas coxas,
Na esperança de descanso.
A cada gesto, uma nova galáxia se adiciona à vida,
Se expande conforme a imaginamos.
Teu hálito, esperança fluida,
Teu corpo, música silenciosa,
Revelando o real, vulnerável,
O mundo entra como flor dolorida,
E a vida, breve, formula-se em compaixão,
Marcada na pele, no peso do tempo.
A vida é sangue veloz, desejo de ser,
Amparada por deuses que nos escutam,
E somos feitos de cordas estranhas,
Que a pele tenta desvendar.
A poesia, um trono iluminado,
Tua língua, sensualidade encaixada na boca,
O tempo, uma continuidade de sentido,
E teu sexo fala em outro idioma.
Não me pergunte se valeu a pena,
Não existe pena, apenas a tensão da corda,
E se hoje sei desses detalhes,
É porque essa encruzilhada foi assumida na carne.
Não sou louco, embora me embrenhe
No terror e na mansidão de pomares,
O mundo em mim após desmantelar minha praça favorita.
Inteireza, isso pensarei quando a porta se abrir,
Não saberia do fogo, das águas,
Desse medo que é meu animal fiel.
Não saberia da gravidez dos agudos,
Ou de como o som grave conhece nosso corpo,
Sem saber que nossa carne já queimou
Sob o sol, no lombo da realidade.
Agradeço por me mostrar o reverso,
O néctar sem a ânsia, o mel espirrando na terra,
E essa primavera na memória,
Onde o silêncio brota como solo fértil.
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No Poço da Memória
No poço da memória, escuro e fundo,
O tempo desfaz-se como tecido em água parada;
Tua nuca, um farol na noite da consciência,
Celebra o cansaço, o suor, ou talvez o sangue,
Vertido no altar do esquecimento.
Na sombra, a vida se esconde,
Um enigma sem chaves,
Engolida pelo caos,
Onde nomes se perdem em tempestades de silêncio,
E somos devorados pela matéria bruta do ser.
Mãos tremem na febre da existência,
Arrastando sombras, pedras assombradas;
Ombros alvos, encantamentos na penumbra,
Um coração que se espalha pelo corpo,
Submergindo no universo.
Lábios alvos, beijos complexos,
Cortejam o tempo,
Despertam o desejo de colher-te inteira,
Transformar tua essência em altar,
Não um retrato, mas uma escada para tua profundidade.
Aventura de uma fragata ao sabor do destino,
Inscrita no silêncio, coberta pela imaginação;
Meu desejo, uma queda, um desvio.
Amar teu sorriso, desenterrar tuas coxas,
Em busca de descanso.
A cada gesto, uma galáxia se adiciona à vida,
Expandindo-se na vastidão da imaginação.
Teu hálito, esperança fluida,
Teu corpo, uma música silenciosa,
Revela o real, frágil, vulnerável,
O mundo entra, flor dolorida,
E a vida, breve, se formula em compaixão.
Vida é sangue veloz, desejo de ser,
Amparada por deuses silenciosos,
Somos feitos de cordas estranhas,
Que a pele tenta, em vão, desvendar.
A poesia, um trono na escuridão,
Tua língua, sensualidade encaixada na boca,
O tempo, uma continuidade de sentido,
E teu sexo fala em outro idioma.
Não me pergunte se valeu a pena,
Não há pena, apenas a tensão da existência,
E se hoje sei desses detalhes,
É porque a encruzilhada foi gravada na carne.
Não sou louco, embora vagueie
Entre o terror e a mansidão de pomares esquecidos,
O mundo em mim, após desmantelar minha praça favorita.
Inteireza, pensarei quando a porta se abrir,
Desconhecendo o fogo, as águas,
Esse medo, meu animal fiel.
Não saberia da gravidez dos agudos,
Nem como o som grave conhece nosso corpo,
Sem saber que nossa carne já queimou
Sob o sol, no lombo da realidade.
Agradeço por mostrar o reverso,
O néctar sem ânsia, o mel na terra,
E essa primavera na memória,
Onde o silêncio brota como solo fértil.