Profecia

Em um ato absurdo,

Ataco,

E acabou com tudo.

Espelho trincado esconde as lágrimas,

Que livre,

Rolam,

Em um rosto já cansado.

A profecia se manifesta,

Herança?

Ou pura genética?

Carrego o fardo pelos meus,

E a responsabilidade de não repetir,

Tudo que se passou,

Fui fraco,

O sistema me corrompeu.

Ecoam em meus ouvidos as velhas cantigas,

Na roça toada,

Na hora da lida.

Sinto o gosto da água do riacho que saciou a tua sede,

Mastigo os grãos de areia que comeste,

Me dói a fome que sentiste,

Durmo na rede que repousaste,

Sinto o frio das madrugadas,

E os raios do sol que te agridem.

Fere em mim o teu desespero,

A procura de emprego,

Os olhos de desamparo,

Em busca de comida,

As crianças no terreiro,

Colhendo algodão,

Isso dói,

Me angustia.

Perdoa por eu não conseguir,

Produzir uma outra história,

Sustentar de outra forma,

E manter nossa família,

Suas dores eu carrego,

Não fui forte,

Eu confesso,

Não achei outra saída.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 15/03/2024
Reeditado em 15/03/2024
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