Fim de expediente
O dia duro reclama paciência
Verão abafado, calor sem clemência
Fim de tarde, em dia de labuta
O ruído de máquina é só o que se escuta
Céu escuro, talvez chova, talvez não
Terminou o batente e lá vai Tião
No meio do caos urbano indecifrável
Rotina de trabalho insaciável
Pele escura, calejado, sexagenário
Busca no bar, o alívio mais perto
O balcão como altar, o destino certo
A cachaça servida, o antidoto incerto
Uma dose pro santo porque se tem fé
À benção jesus, maria e josé
O trago bruto sorvido de pé
A vida é vivida como ela é
Hora de ir, o tempo avança
O troco em moedas e pouca esperança
Mais um dia brigado no batente
E as feridas lavadas com água ardente