A dança das canetas
A mim, restaram poemas para escrever.
De tudo que fiz na vida, uma caneta
Pobre em tintas e magra, rebolando
em papéis de pão fingindo-se de seda…
E ela gente.
E no fundo, resultado disso tudo
Bem no meio da caserna fria
Lá onde o coração semeia o sangue,
Uma figura humana rupestre
Cambaleia.
Sou eu, atrás de consertar
Palavras redigidas no tempo
Em que fui um homem errante
Numa vida comum.
Já houve dias
Em que o meu silêncio valia mais…
Hoje entrego versos impressos
Em paredes frias
Que mal contam uma história.