Tristeza crônica
A tristeza me devora...
me consome por inteiro,
é como uma brasa que só tem meio
e nunca um fim.
Há dias em que o café
se torna menos amargo,
e são exatamente nesses míseros dias,
em que a tristeza bate à minha porta.
Busco ignora-la
fingindo que ela não está ali,
mas ela é astuta... ah, como é astuta!
Não mede esforços quando vem
e me machuca, me cospe e me humilha.
Ela se infiltra em cada canto,
como a neblina em manhã de inverno,
silenciosa, fria e sem aviso,
tornando tudo turvo e incerto.
Ela se espalha, voraz e implacável,
como um câncer que corrói o âmago,
deixando-me apenas a casca, o vazio,
um espectro de desespero e lamento.
No espelho, já não reconheço o reflexo,
um estranho com olhos de abismo,
que encara de volta, sem vida, sem nexo,
um fantasma preso em eterno exílio.
E nessa batalha perdida, eu me rendo,
à tristeza que me assola e domina,
como um navio que ao mar se entrega,
eu afundo… na escuridão que me alucina.
Assim termino, sem glória ou epopeia,
um mero sussurro na imensidão do nada,
Tudo que em mim grita, logo se cala...
na trágica quietude da madrugada!