Colo da Cigana
Ao despertar, o unicórnio da primazia me conduziu ao monte sagrado, onde a Cigana aguardava com as cartas e uma espada tecida do mel do desejo - especial para ceifar inimigos da entrega
Não havia mais repúblicas bagunçadas, mas a monarquia das calmas paixões transparentes
Conhecedora do segredo das fadas, ela toca nas pedras e pássaros coloridos perfumam o ar pelo canto sensorial
Por mais que pretenda entregar-lhe a rosa, tenho que entender que a entrega exige mistério e condição
De outro lado, estamos na mesa em que apenas almas são convidadas, logo, desnecessário a carteira de cavaleiro ou embaixador do sangue
No colo da Cigana resplandece minha lágrima, no dedo da Cigana, o olhar perdido que guarda meu sonho de menino
Era de se esperar que tocasse nas glórias de gladiador, mas estou calado frente à insígnia hierárquica da nudez, que ela impõe com a leveza descomunal de uma tirania feita de Luz
Seja como for, caminho no labirinto em que a Cigana desfaz o nó da masculinidade feroz, e devolve ao solo ornado de delírios, o aprendizado da alma livre