PETIT BLUE

Feito aço, mas quebra fácil

Brilhante como uma pérola,

Mas fica bem opaco

Nem se sente mais o cheiro da brisa

Tudo é tão rápido, veloz, ocupado

Paira apenas um leve tremor

O sei endurece alguns segundos...

Alguma coisa aconteceu

E ainda estamos pensando no amanhã

A cama ficou desconfortável

Nem dinheiro o colchão esperou

Paredes pinta a Picasso

Com o céu turvo ao entardecer

Tudo é tão ocupado, rápido, veloz

A face nem rubra no beijo discreto

Tantas contas em contas de tantas coisas

Absurda como uma passagem sem destino

Flores de plástico, a água é escassa

Ainda está faltando o bom da vida

Algo perdido numa noite de insônia

Nunca sentiu tantas dores no ventre

Sonho de um só, solitário destino

Tudo é tão veloz, ocupado, rápido

O seio à mostra alguns segundos...

Mas se falta uma cantilena na segunda

A terceira parte em sol sustenido

A solidão não é uma relva indistinta

Seus bichos, fachos, grilos & brincos

A boca pede mais um beijo agora

Outro não deriva da falta de sorte

O começo pára na ausência distinta

Sem freqüência na pior modulação

É tão fugaz, lento, risível

Que pouco espelha a falta de paixão

Outros consertos, anseios e festejos

Corta a carne, a alma e é solidão

Se não vai olhar para trás

Por medo de perder o futuro

Só aquilo que nem é importante

Noutro rasgo de perfume sem cor

Aromas caseiros que entorpecem

Pela insustentável leveza, e sem ser

É tão lento, risível, fugaz

Para disparar na rua adiante

Após o toque do sinal

Um grito tomado na noite

Uma lágrima...

Alguma coisa faltou no Jardim.

Peixão89

Peixão
Enviado por Peixão em 26/03/2005
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