O Mago
Quando os homens descansam da dura jornada,
uma vela perdura na noite avançada...
Uma sombra arqueada no calmo escritório
examina na luz desmaiada um grimório...
Perquirindo a razão de segredos arcanos,
Na fronteira entre a fé e os mistérios profanos.
O temor refreando o fervor curioso ;
A humildade contendo o intelecto orgulhoso.
Sem negar nem fugir do estreito caminho ,
Que ensinaram os profetas nos sãos pergaminhos.
O aguilhão da verdade suporta feliz :
Paciência de mestre e paixão de aprendiz,
Madrugando a procura de alguns alfarrábios,
Na soleira da porta da casa dos sábios...
Mas, a treva cerrada vacila, afinal,
quando a aurora dourada penetra o vitral...
A figura ocultada revela-se então,
Das colunas do templo do Rei Salomão.