Viagem
Eu vou.
Vou a algum lugar que tenha cinco ou seis certezas,
Onde haja mais que três deslizes,
Algumas aventuras e centenas de caranguejos.
Vou entupir-me de almas estrangeiras,
Descer escadas de sonhos
E subir de elevador todas as minhas impurezas.
Vou assumir-me terna, suave e nômade,
Meio estúpida e um pouco áspera,
Apostando oito delicadezas de que
Não há ninguém tão flácido
Que não tenha ossos.
Eu vou.
E quando eu for vou levar comigo
Algumas carambolas boas para a febre,
Alguns terremotos íntimos bons para o sossego,
E nenhuma só flor para não perder o rumo.
Carregarei uma bússola apontando para a noite
E algumas poucas réstias de alho
Para meus vampiros.
Serei tão feroz quanto boa gente
Tão vazia quanto colorida
E bem mais leve que um grão de cisco.