Filho das Árvores
ouça, vindo das profundezas, passos de eternidade
sinta, vindo das profundezas, a sombra que transforma
a porta ao lado do sol e o menino que cantarola o infinito
ele sente entre os dedos, escorrer a vida que tanto prezou
sete vezes esses números cercaram sua mente
ele busca, chora, se entrega... e dorme
dança como anjo, que em chamas se esvai
sangue!!! Dor!!! Inocência que se perde!!!
sangue!!! Concuspiciência!!! Interdimensionalidade!!!!
Nessa busca por mentiras verdadeiras, ou por verdades mentirosas
Nesse silencioso teatro de dor e abismo!!!!
São versos de velhos ritos, esses que despertam o amanhecer
Nesses rios de sangue, nesses rios de promessas mortas
Quem se vê em si mesmo? Quem se acha em tudo isso?
Onde puseram nossas esperanças, onde????
Calmamente a morte chama, ela tem a calma que inspira a divindade
Calmamente os anos passam e, na verdade, nada valeu a pena
Onde descobriram que temos medo?
Onde descobriram que humanos mentem?!!!!
Somos esses pequeninos pigmentos dessa pintura incógnita
Somos os insetos desse vale perdido
Somos o encantamento de algum aprendiz
Ou mesmo os versos de um profeta sem deus
Sangue!!! Dor!!! em rascunhos e tristezas
Sangue!!! Dor!!! caindo dos traços, nascendo do silêncio
Novamente!!!!!!!!
Quem eu sou ou fui, quem serei... vou buscando!!!
Quem me guia ou desperta... nesses dias de imensidão
Como diz a velha canção? O que dizem seus antepassados?
Tomaram nosso mundo emprestado, e nunca mais devolveram sua beleza
Não ouviram o choro e o pranto das árvores
O murmúrio das águas, que conheceram o começo de tudo
Então vem a chuva
Doce, como o vento afável do início de tudo
Leve embora minhas lágrimas de incerteza
E me enterre nesse túmulo de estrelas
Nessa cova feita de cosmos, de olhos que enxergam o tudo
De vermes divinos, que dissolvem crença... de toda essa mentira
... Mentira!!!!!!
Assim, retomo a existência
Quase desperto desse sonho
Vejo-me fluindo de dentro de mim
Partindo numa viagem pra longe de tudo
E pra perto do meu coração, inutilizado, quebrado, mas vivo
Célula desse corpo inerte
Nuvem desse céu em cinzas
... Idiossincrasias...
Verbalizando essas asas do porvir...
Eu, filho das árvores, semente da arte...
Planto nesse mundo a minha voz
Que ecoe por toda a eternidade
Esse grito silencioso, esse brado sufocado
Mas que as ondas dessa virtude me façam rei
No meu mundo de silêncio...