Por tudo o que foi

Diria o quê/

Se ainda te amasse/

É possível, que ainda sinta/

Adjacente nossos momentos/

No entanto, a dor fincou raiz/

Muito além do que se diz/

É absurdo negar/

Que me apaixonei/

Que em voos fora do escript/

Nem aterrisei/

Expus a vida pra te viver/

Porque você era a alma/

O fogo, que nutria a luz dos meus sonhos/

Mas com tantos desacertos/

Tanta veemência das amarguras/

O meu coração na escura realidade parou/

Sentiu em teu beijo/

O fel queimar a boca /

Teus carinhos desferidos/

Como cômodo de uma fúria louca /

Que espraiava suas mãos/

Assombrados num ir e vir/

De uma misericórdia, que subjulgava/

E vigiava os meus passos/

Tua voz em meus ouvidos pesava/

Tudo em ti não fazia sentido/

Sem certeza da direção/

Entre os seus muros e medos/

Cirurgicamente silenciosa tu me matavas/

Com ataques fortuitos/

A desmobilizar a paz do futuro/

Por isso, errante segui as pegadas/

Da noite enluarada/

E fui- me sem remorso/

Deixei a porta encostada/

E aos poucos deixei o vento/

Apagar os tastro da estrada/

Pra não saber voltar/

Se ainda te amasse/

Com certeza estaria no inferno das aflições/

E tu sem piedades/

Me mataria no caos de tuas agonias/