CENSURA-ME

CENSURA-ME

Censura-me, porque vos falo...

Censura-me, porque me calo

Censura-me, se em ti, esbarro

Censura-me, sem ser bizarro...

Censura-me, se o bem é farto...

Censura-me, se venho ou parto

Censura-me, se penso, viajo

Censura-me, se descanso ou ajo...

Censura-me, se sou gordo ou baixo...

Censura-me, se sou branco ou alto

Censura-me, se sou negro ou pardo

Se analfabeto ou já com mestrado...

Censura-me, se sou de fino trato...

Se só ando triste ou cabisbaixo

Se sou livre, preso, forte ou fraco

Se carrego ou não um pesado fardo...

Censura-me, a religião, se sou mítico...

A minha classe social, se sou estatístico

Se sou carnavalesco, ou sou apolítico...

Se meu Deus discrimina, e se é crítico...

Censura-me, se o que sou é um fato...

Se estou bem na revista ou no retrato

Censura-me, sem nenhum contato

Servindo-se do insano anonimato...

(CENSURA-ME - Edilon Moreira, Junho/2019)