COMEÇO E FIM
O que sei de mim além
Do que o espelho me revela
E os olhares enxergam?
Talvez eu seja somente isso,
Um reflexo nos olhos alheios
Sim, sei que esse corpo, ocupante
De espaço no mundo, logo
Será um sono profundo.
E nao haverá mais pergunta
Cessarão as metafísicas
E o labor diário de Sísifo
Rolando pedra morro acima
Para desce-la e recomeçar.
O que sei de mim?
Penso em voz alta.
Quem sabe uma voz, uma epifania
Me traga a resposta
Não há qualquer retorno,
Porque o quarto e as coisas apenas
existem e não se importam comigo,
Eu, habitante entre habitantes do mundo, num instante irrelevante da história.
O que sei de mim, além do fato de que terei no epitáfio uma estrela e uma cruz?
Sei que tudo tem um começo,
E, como esses versos, chegam ao fim.