dos ossos às quedas
Os ossos cantaram ao ritmo do canário;
restou-se, encurvado sobre o próprio ser,
enquanto o tutano inflamava
as mais remotas lamparinas.
"Desperta", ecoou uma voz feminina,
tingida de sabedoria.
"Despertar de qual sonho?", inquiri.
Ela, com gestos de quem abre mundos,
desvendou uma porta colossal;
ao seu fundo, árvores mutiladas
surdas aos sussurros das camadas ancestrais
sob a terra.
Ausente estava a pureza de um tombo que sacia,
ausente a angústia de um prenúncio de queda;
solitário e intrincado nisso,
o mundo transmutou-se
ante a vida que se desfazia além,
e, desamparados, buscavam
dentro do próprio reino a âncora
que proclamaria que embarcações
podem dançar livres da tormenta,
mas as ilhas não contêm o homem
em sua plenitude,
assim como não se acomoda no campo,
no recôndito do país,
nem na metrópole abarrotada.
Não existe rincão neste mundo
onde o homem por inteiro
não seja convocado a moldar-se
às vozes encantatórias
que derramam sobre ele
suas verdades mais genuínas.