hora serena
Silenciosamente ouvimos algum lugar
que tinha sua música, abrimos e os violinos
atravessam a sala e nossa memória faz sua
parte com imaginação, e rostos, gente que
o ventre sente como se estivesse desse lado
do muro, o tempo tem rosto, talvez seja
mesmo como aqueles retratos sépia que
nos conduz a lugares distantes, e teu falar
fala passa cavalgando os ouvidos, era forte
e extrema, distante mas que tocava a pele
do momento, até tua empáfia demorava
nos olhos, e te amava por dentro e por fora,
pois tua floresta era feita de árvores frutíferas,
e andávamos em ambos os sentidos da ponte
e de cima sabíamos do rio, imperturbável, eterno,
profundo, furtivo e nós apenas ali, em algum
vértice da vida, que demorado nos incrementava
de outros sabores a mesma face daquele agora,
um dia, o salto, a demora, a infâmia, teu lábio manchado,
e uma vida diletante adentrou aquele idílio, nascia eu,
nascia tu, nascia a outra face de uma mesma história,
complexa, externa, combalida, à revelia dos que abriram para
a hora serena.