Exorcismo
I
Uma parte de você restou em mim no final
E eu fui aprisionada pelos fantasmas do passado
Lembranças passaram por mim como um vendaval
Devorando o que o meu silêncio não tinha falado
Você pintou minha pele com seu gosto
Profanou meus pensamentos e minha ilusão
Com ávidas melodias de sedução
E um sentimento que não se pode apenas esquecer
Nem mesmo o tempo pode curar
Mas minha mente insiste em tentar exorcizar
O que meu corpo teima em querer...
Possuída pela dor
Violentada pela incerteza
Essa solidão não é mais uma surpresa
Vou apenas me acostumar
Traga a cruz para abençoar o esquecimento
Traga a água para benzer o contentamento
Afinal, não há destino que seja perfeito
Traga o sacerdote para testemunhar
O punhal para este sentimento matar
Não há demônio que resista a este sagrado leito
II
Um estigma a mais nasceu em mim, afinal
E eu fui sentenciada a seguir um longo caminho
Há um sentimento forte hibernando para o mal
Um exorcismo bem feito pode funcionar sozinho
Você marcou minhas veias com seu sangue
Silenciou meus sonhos com um adeus
Esse amor não teme a morte, nem mesmo a Deus
Tem medo apenas de na lembrança eternizar
Por todas as vidas que eu viver...
Cante a canção da despedida
Oh, fantasma que atormenta o coração
Deixe esse espírito em um beco sem saída
Pelo menos por uma noite inteira
III
Dentro de mim, o vazio...
O exorcismo se concretizou
Porém o que restou de um amor sombrio
Foi a certeza de que nada durou
Meu estigma maior permanece aberto
Felicidade? Um contentamento incerto
Estou em cinzas, uma fênix adormecida
Uma doce ilusão perdida...
Tudo o que eu tento esquecer
Meu inconsciente materializa...