Riacho salgadinho
Riacho salgadinho
Nasceu no poço azul no bairro do jardim Petrópolis e desembarcava na praia do sobral onde o seu curso original passava na praça Sinimbu por trás do museu Théo Brandão,
Que antes era limpo e cristalino,
Onde as crianças brincavam e saltavam fazendo cambalhotas em seu leito,
Onde os adultos conversavam e pescavam,
E existia vida…
Hoje, pede socorro, agoniza, súplica para viver e reviver,
Onde suas águas estão escuras com odores fortes, totalmente contaminadas, com suas línguas sujas jorrando seus dejetos em seu leito, trazendo a morte por onde passa,
Devido ao descaso público, a falta de consciência ambiental, o desmatamento da vegetação nativa,da impermeabilização do solo, da má educação dos populares e a exploração de poços artesianos causaram a extinção das nascentes,
Oh, salgadinho, que dor, te ver assim, morrendo a cada instante e
Desaguando tanto lixos, garrafas pets, plásticos, fogões, geladeiras e até sofá em seus caminhos,
Que revolta, que tristeza te ver tão sujo e tão indefeso, sendo forçado a desaguar em uma das praias mais lindas da minha Maceió toda o acúmulo de sujeiras,
E hoje, você chora com lágrimas de sangue, escuras, podres, sem vida e sem solução, pois a própria humanidade te matou e te esqueceu e a sua morte está exposta em seu leito!
Oh! salgadinho quero te ver viver!
Mônica Albuquerque
28/02/2024