CURVA DO RIO
Hoje me desço pela rua da amargura.
Pinço-me cuidadoso dos olhares outros.
E nas sombras da saudade recosto,
Enebriado da dor de farta expiação.
Ontem me escorri pela vereda gélida.
Enxurrada, me cravou na curva do rio.
Às inutilidades me juntei sem alma,
Suspirando as entrelinhas da solidão.
Atemporal me adejei nu, no rubro-éter,
Evaporado junto com cruas lágrimas vãs.
Sim: viajante macróbio, remisso e ledo,
Encalhado, dócil, no vazio da imensidão.