A borra do café na xicara

de barro mostrará seu futuro.

 

Com adoçantes e conservantes.

A bola de cristal em sua sala de estar,

será lambida pela velha desprezível

acreditando que estará limpando...

 

Um Demônio que se

esconde ali a qual ela mesma

se deita.

 

A velha se deitou com

a bola e se beijou, lambuzou

esfregou sua vagina enrugada

em sua bola de cristal.

 

E viu nela...

um terrível seu futuro

que estava por vir, no mundo.

 

Enfiou amuletos e incensos

no rabo pra teu azar e prazer...

quebrou, mastigou e comeu.

 

Cristais.

 

O futuro passou a ser incerto.

 

Viu sapos enormes na rua,

comendo runas e búzios...

 

eles comeriam até mesmo um

Orixá inteiro, se não fossem

tão facilmente esquivos...

 

e comeriam Cristo...

também, se pudessem.

 

Nós só saberíamos

sobre o futuro...

sorteando pequenos

dados

 

Ou moedas de 25 centavos.

 

Atiradas pela cima pós-cachaçada

só existirá sorte nas coincidências

E aquels chamados esotéricos...

 

Estudantes da missão

dos homens na terra

e na Terra...

 

serão calados com farpões

Bíblias pretas e rosas debaixo

do braço.

 

As mocinhas cristãs correrão

com aquelas saias desajeitadas

nos joelhos...

 

Extremamente agressivas,

despejando tiros certeiros nos peitos

e destroçando grandes vassouras

da madeira mais boa...

 

Invocarão chuva

para apagar ritos e fogueiras

tapando suas bocas com...

grossas linhas de tricô.

 

O copo de barro

terá água abençoada

e as moças e velhinhas

e seus maridos convictos

 

de que borras de café ditam

o que virá serão chamados hereges

e serão perseguidas e mortas...

 

Despejarão um último

gole gelado em suas bocas

então virá um gole de café;

 

num copo de vidro

que será derramado em

seus rostos.

 

O executor lhes achará lindas

e desviará os olhos com força

 

em casa eles mesmos

Trairão suas mulheres

em pensamentos...

 

Os gritos ecoando

a luz será vista os choros

durarão muitos anos...

 

Continuarão sendo ouvidos.

 

Principalmente

durante a lua cheia

os choros e lamentos

 

daquelas que viam o futuro

nos borrões de café...

 

jamais sairão da cidade.

Entre todos os rios,

corredeiras e cachoeiras.

 

Atrás da cidade, quando a lua

brilhar mais forte, suas

vozes ainda serão escutadas.

 

 

Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 27/02/2024
Código do texto: T8008310
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.