Sou Sentido
Nas brumas do verbo, te encontro, fulgurante,
Sinestesia em dança, um bailado delirante.
Significado e som, em abraço apertado,
Desvendando o enigma, num passo compassado.
A semente da ironia, no solo fértil da sátira,
Germina humor ácido, que a hipocrisia dilacera.
Com sarcasmo afiado, corto a ilusão tecida,
E a verdade nua, sob o riso, é esculpida.
O paradoxo brinca, em jogos de palavras,
Contorcendo o sentido, em acrobacias bizarras.
O oxímoro tece, em manto multicolorido,
A beleza do contraste, num verso comovido.
A antonomásia, com voz poderosa,
Eleva o comum, à grandeza gloriosa.
E a metonímia, em elo sutil e secreto,
Transfere o significado, num enlace discreto.
A prosopopeia dá vida ao inanimado,
Em sopro de alma, num verso animado.
E a sinestesia, em toque mágico e audacioso,
Funde os sentidos, num turbilhão harmonioso.
Na sinfonia da linguagem, me perco e me encontro,
Nas nuances do verbo, meu ser se faz desdobro.
Sou o riso e a lágrima, a ironia e a emoção,
Sou a dança das palavras, em eterna mutação.
Sou o sentido que emerge, da sombra e da luz,
Do verso rebuscado, à frase que seduz.
Sou a voz que te encanta, o enigma a decifrar,
Sou a poesia que pulsa, em cada verbo a vibrar.