Gravidade
Denso, aquilo que carrego
Como se tivesse em mim
Uma tonelada de excessos
Aquilo que vivi, com chumbo e pena
Uma alma que flutua,
Nessa imensidão terrena
Uma alma tocável, abalável
Um pedaço de carne velha
Num prato descartável
É grave, mas ainda não me entrego
Resistir é o que me resta
Talvez seja a raiva, talvez o ego
Pensar na vida enquanto respiro
E esse ar que me bombeia
Também me bombardeia a cada suspiro
Mas resisto em seguir, em busca de paz
O senso de viver vai além de mim
E que eu vá além dele, se for capaz
Talvez esteja só seguindo em vão
Todo corpo que tende à queda
Uma hora encontra seu chão
No fim, só o peso natural
Que faz todo castelo de cartas
Ter o mesmo destino final
A gravidade que rege o mundo
Quando tende a puxar a alma
Nos leva ao abismo profundo