As sete virtudes humanas
A Rua das Virtudes tem sete casas, lado a lado
Em cada casinha mora uma mulher solitária,
Solteironas, todas procuram um namorado
Muitas vezes se visitam, se apóiam, solidárias
Fé é uma mulher magra, de aparência tacanha
Que passa os dias entre terços e a oração
Mas não se engane pela frágil aceitação
Dizem que ela, sozinha, remove montanhas.
Caridade é uma senhora poderosa
Muito ágil, mas avançada em idade
Não mede esforços, tão amorosa
Para ajudar toda a humanidade
Esperança é uma mulher avantajada
Está sempre em casa, em seu verde quimono
Ficou gorda de tanto esperar sentada
Que a florida primavera suceda logo o outono
Prudência é calma, lenta e cuidadosa
Sempre age com muita cautela
Dizem por aí que é assim de medrosa
Pura intriga de gente tagarela
Temperança tem personalidade diferente
Ganha a vida como equilibrista
Avalia com equilíbrio o ambiente
E toma a melhor decisão, otimista
Justiça é uma mulher afeita à batalha
Legalidade e Igualdade são seus dois ajudantes
Sua missão é garantir a harmonia entre os habitantes
Que a aguardam ansiosos: ela tarda, mas não falha
Força é capaz de alterar o estado de movimento
Os seus sobrenomes são Energia e Trabalho
Não se usar em vão é seu maior tormento
Não pode jamais confundir alho com bugalho....
A sabedoria popular é muito curiosa
Sete são as virtudes humanas,
Todas femininas, plenas, soberanas,
Já os sete pecados capitais
São todos masculinos e universais.
Texto publicado originalmente em outubro de 2007