Os sete pecados capitais
No outro lado da cidade, pros lados do sol poente
Fica a Rua Pecadilho, sete casas lado a lado
Em cada casinha, vive um homem decadente.
Parecem casas normais, mas é tudo antiquado.
Na casa 1 vive o Narciso, homem terrível,
Arrogante, vaidoso, um pentelho
Crê que fracasso seu seja impossível
E acha feio tudo o que não é espelho...
Na casa 2, o desgostoso latino Invídio
Desmerece todo mundo, nunca vi gênio tão ruim
Invejoso, nega o valor dos outros, arredio
A grama da casa ao lado é mais verde que a do seu jardim
Na casa 3, vive Zangado, um dos anões da Branca de Neve
Separou-se dos amigos e agora arma a vingança
Sua raiva excessiva e impaciência levou os anões a uma greve
Que acabou com o encanto de qualquer criança
Na casa 4, mora o preguiçoso Indolente
Trabalho que é bom, nenhum
O seu cansaço constante o faz muito negligente
Não faz força nem pra soltar pum
Na casa 5, o morador, Tio Patinhas. é eslavo
Não sei seu nome verdadeiro, mas tem muita ambição
Em vez de dono das coisas, é delas um escravo
Diz que nada tira do bolso porque tem escorpião
Na casa 6, Glutão tem mais olho que barriga
Come e bebe em excesso, tem amor à iguaria
Devia ser mais gordo, dizem que tem lombriga
Sofreu de muitas doenças, agora trata da bulimia
Enfim, na sétima casa, Libertino, o devasso
Nunca aprendeu que o sexo é parceiro do amor
Na busca do prazer , causa muito embaraço
Mal compreendido, é chamado beija-flor.
A felicidade deles depende de ser amado
Não sou moralista, desculpem a verdade dura
A busca da satisfação no mundo exterior
Me impede de mergulhar no meu próprio interior
O que mais vale a pena e não pode ser comprado
É o verdadeiro amor em sua essência mais pura.
“A conduta é um espelho no qual todos exibem sua imagem” Goethe
Texto originalmente publicado em outubro de 2007