Sempre Troia

Cultura

Presente ou cerco

Ou doutrinação

Ou ideologia

E somos um reino ingênuo

De alienação

Natureza ou culpa

Defeitos, inteiros

Partidos de evidência suprimida

Troia é a realidade humana

Corpo e espírito abertos

Levitam

A certeza do transe

Não por asas,

Mas palavras, mantras

Apitos de obediência

Somos escravos de nós mesmos

Somos mais fracos que coesos

Alguns mais, outros menos

Somos levados por balões de sentimentos,

de conveniência ou medo

É sempre a marcha da loucura

Seus cavaleiros escondidos, helenos

E o sol se põe junto à lua

E as estrelas são poemas erguidos

Onde maldições e uivos condenam

E os eclipses duram mais que dias

E as revoluções culturais não curam

E vivemos de suas doenças

Servos dos impérios das mentiras

Soldados dos deuses da guerra

E apenas alguns despertam

E deixam de se esconder nas sombras frias

E de dizer sim quando queriam dizer não às regras

E de se entupir de ópio e somma

Como em um admirável mundo velho

Muitos séculos de adoração

E passam a subtrair o tempo

O verdadeiro tempo

Apenas seguindo-o

Eco

Eco

Entendendo a realidade dos segundos

A mais absoluta ação

Ação

Que o mar é o fim de um rio

Que nada é mais raso que profundo

Que a essência não está além, mas por dentro

Que é a consciência do vazio

E preenchemos

Com gregos e decepção do mundo

Alguns tentam, como Cassandras

E seus cabelos ao vento

O grito

de que eles virão

Com os seus tambores ocultos

Uma nova tragédia

Tão nova quanto velha

Humanidade sem juízo

Risos

Paraíso e provação