ALFARRÁBIOS.
O dia já graúdo me impõe
Um tico de tino na ideia.
Um velho varri a porta da casa
E canta o resto da noite
Que pelo visto foi brava.
Uma mulher ajeita o lenço
Para satisfazer as ilusões da vida.
Uma abelha quer da flor o mel
E leva nas patas a possibilidade
De nova vida.
O pastor prega a palavra
Mirando os vintens.
O padre reza a missa apenas
Para manter o ritual.
Tudo au, nesta cidade cosmopolita.
Eu tento tecer o momento,
Mas o homem da sacola verde
Quase cai, me desconcentra.
Parece desconhecer a lei
Implacável da física.
Neste exato momento ia arrematar
O poema.
Mas tal acontecimento me antecipou.
Busquei em tudo o final,
Quando ia desistindo ,me veio
A derradeira pá de cal na poesia.
Me perdoem por estes alfarrábios.
Mas tudo que observei é a realidade
Que da forma ao mundo.