ALFARRÁBIOS.

O dia já graúdo me impõe

Um tico de tino na ideia.

Um velho varri a porta da casa

E canta o resto da noite

Que pelo visto foi brava.

Uma mulher ajeita o lenço

Para satisfazer as ilusões da vida.

Uma abelha quer da flor o mel

E leva nas patas a possibilidade

De nova vida.

O pastor prega a palavra

Mirando os vintens.

O padre reza a missa apenas

Para manter o ritual.

Tudo au, nesta cidade cosmopolita.

Eu tento tecer o momento,

Mas o homem da sacola verde

Quase cai, me desconcentra.

Parece desconhecer a lei

Implacável da física.

Neste exato momento ia arrematar

O poema.

Mas tal acontecimento me antecipou.

Busquei em tudo o final,

Quando ia desistindo ,me veio

A derradeira pá de cal na poesia.

Me perdoem por estes alfarrábios.

Mas tudo que observei é a realidade

Que da forma ao mundo.

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 18/02/2024
Código do texto: T8001511
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