CANTIGA À UMA POBRE DONZELA

São pelos fios elétricos,

Por telhas duras ao vento,

Raios de Sol tão herméticos

No muro, cal e cimento.

Dorme, oh, donzela, dorme!

Me poupe desse lamento!

Não vejo mais cantoria,

Nem mulher com violão;

Só lâmina, faca fria,

Suspiro e oração.

Dorme, oh, donzela, dorme!

Conforta teu coração!

Quando o céu fica vermelho,

Se reluz em nossa casa

As nuvens e suas asas

Aparecem do espelho.

Dorme, oh, donzela, dorme!

Guarde bem o meu conselho!

Donzela, rosto da lua

Parece um Sol brilhante

Estrela de diamante

Fala da boca da rua

Dorme, oh, donzela, dorme;

Pois eu te contemplo nua!

Dorme, oh, donzela, dorme!

És inteiramente nua!

Dorme, oh, donzela, dorme!

Me sirva tua carne crua!

Dorme, donzela, dorme!

Que a vida continua

Dorme, donzela, dorme!

Tua tristeza se dilua!

Mestre Malakazhan
Enviado por Mestre Malakazhan em 16/02/2024
Código do texto: T8000643
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