Aparato
Aparato
Sandra Ravanini
Esmaltar a estesia no óleo do cansaço
transpirando as imperfeições da mão, burlar
à amostra repisando o extrato do frio aço,
polindo a ferrugem do molde tão vulgar.
Às misérias mortas tatuam a oferenda,
que aturdida, borda o desfalecimento,
implorando para a face uma outra venda
onde a ceguidade cubra o olhar ciumento.
A urgência, como um beijo de sofrimento,
mancha a vaidade dum tristonho vermelho
prostituindo a mensageira voz do tempo,
fugindo ao canto do envelhecido espelho.
E mascarando a temida solitude
forja a espátula colorando a palidez,
retocando a rugosa tatuagem amiúde...
beija o cio na aquarela gris da insensatez.
28/12/2007
14h11