Sacralidade
Na vastidão do tempo, a secularização se insinua,
Um sopro que desfaz os laços com a divindade,
A humanidade, em sua jornada, se desnuda,
Despindo-se das amarras da sacralidade.
Antes, os deuses povoavam os céus e a terra,
Cada evento, cada suspiro, era uma ode ao divino,
Mas agora, a razão ergue-se, soberana e austera,
E o mistério se dissipa, num mundo mais cristalino.
Templos erguidos ao éter, agora são ruínas,
As preces ecoam apenas como ecos do passado,
O homem busca respostas em suas próprias minas,
E o sagrado se esconde, em recantos abandonados.
A secularização, qual mar revolto e voraz,
Arrasta consigo tradições e crenças ancestrais,
Mas no vácuo que se abre, há também uma paz,
A liberdade de escolha, dos caminhos imortais.
Não é o fim da espiritualidade, apenas uma mudança,
Um novo olhar sobre o mistério que nos envolve,
Na secularização, há espaço para esperança,
Em um mundo onde o sagrado em cada um se resolve.