Ode à Jurema
jurema tem lenha boa
no tacho da rapadura
queima forte e devagar
tanto queima quanto dura
faz o osso amolecer
deixa mole a carne dura
a jurema nasce bruta
na rudeza do cascalho
nasce forte, dura e firme
sem temor, sem atrapalho
nasce folha em todo canto
sai espinho em todo galho
a jurema é para a vida
um inesgotável tesouro
suas flores alimentam
da abelha ao besouro
seus garranchos dão o ninho
de uma casaca de couro
jurema do sertão quente
tua sombra é respeitada
da folha se faz incenso
da casca faz garrafada
a raiz fornece o sumo
de uma força encantada
jurema pra que te quero
nos confins do meu sertão
cazuá dos encantados
guardiã da proteção
em toada eu te dedico
essa humilde oração.